Filho de imigrantes italianos, Luiz Sacilotto nasceu em 1924 na cidade de Santo André, região tradicionalmente industrial da Grande São Paulo. A forte inclinação para o desenho manifestada na juventude e os estudos de pintura e decoração formaram a base para sua carreira profissional, que se inclinou para diversas atividades ligadas à indústria: trabalhou como desenhista em estúdios de arquitetura e engenharia, publicitário, pintor e escultor. Começou a pintar em 1942, inicialmente produzindo obras figurativas influenciadas pelo expressionismo, prática que abandonou no final da década de 1940, quando fez os primeiros experimentos com a abstração geométrica.
Sacilotto foi um dos precursores do concretismo brasileiro a partir do final da década de 1940, tendo participado do Grupo Ruptura, e ao longo de sua carreira manteve uma prática alinhada aos princípios da arte concreta, mesmo quando esse movimento artístico começou a dar sinais de esgotamento. Artista profundamente estudioso e rigoroso, produziu obras sempre pautadas pelo cálculo e pela precisão. Em seu trabalho, fez uso de várias estratégias, como a oposição entre cheio e vazio, a acentuação dos contrastes entre figura e fundo e as variações tonais - nas obras em que adotou várias cores -, antecipando investigações centrais da Op-art, como a falibilidade da visão e as ilusões de ótica.
Suas obras revelam um extenso repertório de ações realizadas em formas geométricas repetidas: movimentos de rotação, expansão e retração, que produzem uma sensação de movimento e ilusões de profundidade e volume. Seu processo metódico e matemático e sua aproximação com as práticas de produção industrial fazem dele uma das principais referências da arte concreta paulistana. Em suas pinturas, relevos e esculturas, utilizou materiais como esmalte, compensado, alumínio, latão e ferro.
A obra de Sacilotto foi tema de importantes exposições retrospectivas em instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Museu Oscar Niemeyer; bem como de várias mostras coletivas que destacaram seu papel central na arte do século XX, incluindo North Looks South: building the Latin American Art Collection (2009) e Inverted utopias: Avant-garde art in Latin America, 1920-1970 (2004), ambas no Museum of Fine Arts Houston, EUA. A obra de Sacilotto faz parte das principais coleções públicas do Brasil, como Pinacoteca de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da USP, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM Rio; e coleções internacionais como The Museum of Modern Art - MoMA, em Nova York, e o MFAH - Museum of Fine Arts Houston, EUA.