Exposições - Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem | Almeida & Dale

Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem

Curadoria: Denise Mattar
18.08 — 30.09.2017

A exposição Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem apresentou ao público paulistano um recorte com os principais momentos da produção desta figura instigante e muitas vezes preterida, apesar de ter sido um dos precursores dos ideais da Semana de 22. Pintor e poeta, o pernambucano foi um artista singular, cuja instável personalidade marcou sua produção e também a relação com seus pares e com intelectuais da primeira metade do século XX. Colheu como fruto desse perene desassossego ser lembrado e esquecido, estar presente e ausente.

A exposição, que tem curadoria de Denise Mattar, reuniu 38 obras do artista, mesclando trabalhos de diferentes períodos agrupados por analogia de linguagem, pondo em relevo a excepcionalidade do artista. O recorte focou em sua produção plástica das décadas de 1920 a 1940, apresentando trabalhos da série "Lendas Amazônicas", um conjunto de obras art déco, a breve influência surrealista, as naturezas mortas perspectivadas, além do seu interesse pela arte sacra.

Participante da Semana de 22, Rego Monteiro, estava muito à frente dos modernistas brasileiros. Já no início dos anos 1920, sua temática era povoada pelas lendas indígenas e pelo sagrado. A exposição que chega à galeria paulistana traz dessa época as aquarelas A rede do amor culpado (Bailado na Lua), Composição indígena e Sem título, que em 1921 integraram uma mostra realizada no Teatro Trianon - na época muito bem recebida pela crítica.

Segundo a curadora, o verso que dá nome à mostra é parte de um soneto, Meu Poema, de autoria do próprio Rego Monteiro.

A exposição apresentou ainda seis obras de Fedora e Joaquim do Rego Monteiro, irmãos de Vicente, sempre referidos nas biografias do artista, mas raramente apresentadas em exposições fora do Recife. Fedora foi a primeira mulher brasileira a participar do Salon des Indépendants, em Paris. A artista teve uma produção constante, sempre observada pela crítica francesa, até seu retorno ao Recife e o casamento com o político e jornalista Aníbal Fernandes. Dedicada à família a partir daí, a artista só voltou à sua obra 13 anos depois, pintando, então, com assiduidade, até o seu falecimento em 1975.

Já Joaquim do Rego Monteiro desenvolveu um interessante trabalho de raiz cubista, pleno de simultaneidades informais. As obras apresentadas na exposição são do início de sua carreira e retratam o interior e o exterior do atelier que ele e Vicente partilharam na Rue Gros, em Paris, no ano de 1923. O artista faleceu prematuramente, em 1935.

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