





Nascido e criado num seringal, Hélio Melo (1926–2001) foi seringueiro, catraieiro, barbeiro, vigia, escritor, poeta, músico e artista. A partir do final dos anos 1970, depois de ter se mudado para Rio Branco e ter passado a pintar a floresta de memória, participou das primeiras exposições da região, chamando a atenção de importantes artistas e críticos, como Sergio Camargo e Frederico Morais, que se tornaram grandes admiradores de seu trabalho.
“Na grande maioria de suas obras, a cena é estruturada de maneira bastante convencional, com um primeiro plano rente ao chão, formado por plantas baixas ou grama alta, elementos verticais (basicamente árvores) que fecham a cena dos dois lados e, no espaço delimitado por esses eixos, os personagens. Trata-se de uma construção teatral ou cinematográfica do espaço que sugere, portanto, uma encenação e uma mise en scéne, não uma reprodução plana, direta e ingênua da realidade”, diz Jacopo.
A exposição traz a floresta retratada por Melo e segue atual mesmo depois de pouco mais de 20 anos de sua morte, ancestral, mítica e fabulosa. “Um organismo que alimenta e é alimentado, que somatiza as violências e a destruição, que chora junto com os animais, que se emociona, sofre e, à sua maneira, fala (...) Direta ou indiretamente, vários desenhos e pinturas de Melo sugerem que é a partir da floresta que as coisas se organizam e se estruturam, e explicitam a equivalência entre os personagens que aparecem em cena”, escreve Jacopo para o livro publicado sobre o artista.
CICLO DE CONVERSAS:
Em seus quadros, livros e acordes, Hélio Melo denunciou a destruição da floresta, retratou em detalhe a experiência do seringueiro e trouxe à tona os mistérios e a coragem que dão repercussão universal a esse mundo particular.
O Ciclo de Conversas propõe extrapolar—como era característico do artista—conexões entre seu legado e outras formas de denunciar e contar histórias, como a fotografia, a literatura e o cinema.
Autodidata e invocador da força do imaginário brasileiro, as mesas reunirão amigos e colaboradores do artista, fotógrafos, escritores, antropólogos, curadores, cineastas e outros profissionais que o dão eco.
Sábado 03 de junho às 11h
Conversa com Maureen Bisilliat e Juan Esteves
Participação: Alexandre Cruz-Noronha
Vagas limitadas. Inscreva-se aqui
Serviço
Hélio Melo
Curadoria de Jacopo Crivelli Visconti
De 23 de março a 22 de julho de 2023.