Farnese de Andrade
Araguari - Minas Gerais, 1926 Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, 1996
Trabalhando inicialmente com gravura, em meados da década de 1960, Farnese de Andrade passa a produzir assemblagens com objetos como cabeças e corpos de bonecas; santos de gesso e plásticos. Todos estes corroídos pelo mar, coletados em rios, praias ou aterros. Incorpora nestes trabalhos redomas de vidro, armários, oratórios, nichos, caixas e imagens religiosas, bem como cartões postais.
Esses objetos frágeis e envelhecidos se insinuam como portadores de uma indecifrável carga afetiva, orbitando em um universo de referências pessoais esparsas e voláteis. A amálgama de objetos e imagens que caracteriza sua obra se assemelha a uma colagem de memórias sobrepostas em um constante remexer no passado; para recriá-lo obsessiva e desordenadamente no presente. Seus temas mais constantes são relacionados à noção de vida, fecundação, germinação, nascimento e morte.
A poética de Farnese de Andrade se volta para o inconsciente, e o intuitivo. Seu trabalho se apresentava diametralmente oposto às tendências estéticas da mesma época, marcadas pela racionalidade da escola construtiva em São Paulo. Na década de 1970, sua produção seguiu isolada, sendo considerada alienada da política e excessivamente subjetiva. No entanto, sua obra exerceu forte influência sobre a produção entre os anos de 1980 e 1990 pela força da individualidade e expressividade que apresenta.