Sobre

1899, Barra Mansa, RJ, Brasil - 1973, Valinhos, SP, Brasil

Flávio de Carvalho foi um arquiteto, artista visual, teórico e agitador cultural, além de ser nome ligado às artes cênicas. A relevância do artista para a história da arte brasileira é, em grande medida, atribuída ao caráter inovador e provocativo de seu pensamento estético e pelo sentido interdisciplinar de sua prática, que aponta para uma modernidade complexa e em processo. Sua poética confluía para uma compreensão do indivíduo – a subjetividade era um laboratório para Flávio, que muitas vezes testava emoções extremas e conflitos humanos, incluindo aspectos da morte, da religiosidade e da sexualidade. Alguns críticos também atribuem teor psicanalítico à sua produção plástica.  

Considerado um dos pioneiros da performance no contexto brasileiro, Flávio realizou, em 1931, a Experiência n° 2, ação em que caminhou de chapéu no contrafluxo de uma procissão de Corpus Christi. Em 1956, realizou a Experiência n ° 3, em que caminhou na rua com seu “New Look”, um conjunto de camisa e saia que causou alvoroço no centro da cidade de São Paulo. Essa experiência englobou questões da moda, costumes e promoveu um debate sobre a cultura tradicional em plena década de 1950.  

Além disso, Flávio de Carvalho foi um exímio desenhista. Formado em engenharia na Inglaterra, realizou paralelamente seus estudos na King Edward VII School of Fine Arts. Ao longo de sua produção, realizou inúmeros retratos de personalidades importantes de seu tempo e figuras de seu convívio próximo. Também esteve envolvido na concepção de projetos arquitetônicos na cidade de São Paulo. Nos anos 1930, foi um dos fundadores do Clube dos Artistas Modernos (CAM), também em São Paulo.  

Flávio de Carvalho participou das três edições do histórico Salão de Maio, em São Paulo, importante para a consolidação na arte moderna no país (1937, 1938 e 1939). Das inúmeras exposições coletivas que participou dentro e fora do Brasil, destacam-se: Bienal de São Paulo (1951, 1954, 1963, 1965, 1968, 1971, 1973, 1979, 1983, 1985, 1989 e 1998); 25ª Bienal de Veneza (1950); Panorama da Arte Brasileira (1969, 1970 e 1971); e, recentemente, Histórias da Sexualidade, MASP, São Paulo (2018); Ensaio para o Museu das Origens, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2024); e Brasil! Brasil! The Birth of Modernism, Royal Academy of Arts, Londres, Inglaterra (2025). Entre as exposições individuais mais recentes, estão a retrospectiva no MAM São Paulo (2010); Flávio de Carvalho: A Revolução Modernista no Brasil, Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB Brasília (2012); Flávio de Carvalho: O antropófago ideal, Almeida & Dale, São Paulo (2019); e Flávio de Carvalho Experimental, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil (2022). 

As obras de Flávio de Carvalho integram coleções particulares e institucionais relevantes. Entre elas as do MAM São Paulo, Brasil; Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP, Brasil; Pinacoteca Municipal do Centro Cultural São Paulo – CCSP, Brasil; Fundação Edson Queiroz, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP, Brasil; Acervo da Associação Paulista de Medicina, Brasil; e Instituto Moreira Salles – IMS, Brasil.

Obras